Na história das mulheres houve muito silenciamento. Durante muito tempo e até os dias de hoje, há uma série de regras, deveres e saberes de como uma mulher deve se comportar, como deve falar e existir no mundo. Toda uma etiqueta baseada em estereótipos que, na maioria das vezes, culmina em tornar uma mulher submissa.
Esse é o caminho da socialização feminina, que começa na mais tenra idade (na verdade, desde o útero tais processos já se iniciam) e perdura por toda a vida. Meninas deixam de brincar mais cedo, porque precisam se dedicar a tarefas domésticas. Meninas deixam de explorar os limites do corpo mais cedo, porque precisam se comportar. Feche as pernas, sente direito. Não abra as pernas para qualquer um.
Não responda. Não levante sua voz. Não seja malcriada, menina.
No tempo do tempo, o resultado só poderia ser o que já conhecemos: destituídas de voz e protagonismo, tornadas submissas, muitas mulheres passam a vida sem criar seus próprios pensamentos e enredos sobre suas vidas. Dedicam sua vasta inteligência ao cuidado do outro quando não à manutenção da família e do pensar do outro - quantas mulheres incríveis você conhece que forneceram insights valiosos para os negócios de seus companheiros? Quantas ideias você já teve roubada? Quanto do que você diz e pensa de forma original foi retirado do seu tom?
Vamos mais longe: quantos mais diplomas você tem que adquirir para aceitar que você tem conhecimento, articulação e inteligência?
É de amplo conhecimento o destino das mulheres ser associado ao silenciamento e a falta de espaço para construção crítica de pensamento. Somos filhos e filhas de uma teoria do conhecimento marcada pelo pensamento eurocentrado, postulado por homens brancos em cátedras de conhecimento alicercadas sobre a Igreja. Dentro dessa lógica, são muitos os conhecimentos que foram descobertos e criados por mulheres - e foram roubados. Dentro dessa lógica, são muitas as culturas originárias que foram destruídas - genocídio. E isso inclui as mulheres originárias e seus vastos conhecimentos sobre o Universo.
Foi um longo caminho para que mulheres encontrassem autonomia para existirem por suas próprias falas e visões de mundo. Isso é legado. E, ainda assim, é limitado dentro do modelo mental em que vivemos, nomeado como patriarcado. Vivemos nesse modelo dia a dia, sentimos na pele um legado de conquistas e também de fraude.
É com essas perguntas que eu convido mulheres a participarem do Com-tex(s)ta, o primeiro encontro de escrita crítica feminina que nasce a partir da minha trajetória de escrita sendo mulher.
Essa oficina de escrita criativa é um encontro para explorar sua voz de inteligência sensível, descobrir novas perspectivas sobre história de uma maneira ética e poderosa. Entre mulheres, vamos tecer juntas um caminho de encontro com as palavras.
O que faremos juntas:
Explorar forjas e formas de escrita crítica baseadas na experiência do círculo e saberes das mulheres para desenvolver sua habilidade de discernimento, posicionamento e portadora de uma ética que transforma o mundo.
Meditação para mulheres, produção de material escrito individual de cada mulher, partilha em grupo.
Práticas e atividades interativas para entrar em contato com a sua linguagem pessoal, escrita e não escrita, verbal e não verbal.
Descoberta de novas formas de expressão escrita e desenvolvimento da confiança como escrevivente.
Detalhes da Oficina
Duração: 7 horas
Formato: Presencial
Horário: 10h às 17h
Investimento: R$ 430,00 (lanchinhos e materiais de jornada inclusos, almoço à parte).
Onde: Casa Pulsar - Rua Morais de Barros, 287, Campo Belo - SP
Quando? 05 de Outubro de 2024 (a confirmar)
Formas de pagamento: cartão de crédito (Mercado Pago) ou PIX.
Sobre quem toca o encontro
Oi, eu sou a Juliana!
Sou uma mulher que escreve desde menina. Acompanhada por livros, histórias da cabeça e histórias da vida, me tornei uma contadora de histórias de mim mesma. Foi com essa bagagem que desenvolvi, após me tornar mãe, um trabalho autoral, onde além desenvolver minha jornada profissional de forma livre e presente nos meus valores e crenças, também, em roda, me permitiu estar com muitas mulheres, vozes e formas de estar no mundo por meio da linguagem ordinária da troca, a do dia a dia. De forma acadêmica, sou jornalista, especialista em história, filosofia e marketing. Mas de forma livre e como me aconchega eu sou doula da palavra, guardiã de saberes femininos e busco com a linguagem um lugar mais justo e coerente no mundo. Para mim, para os meus e para nós.